Jornalismo independente, progressista e dissidente.
José Mário Branco, músico e autor, morreu a 19 de novembro de 2019. Passaram cinco anos. Na redação do Fumaça, hoje com saudade, ganhámos o hábito de perguntar a quem encontramos: o que te inquieta? Estas são algumas das respostas da Comunidade Fumaça, em 2022, no sexto aniversário do podcast, o primeiro numa nova redação.
Lê a transcrição em fumaca.pt.
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É cada vez maior a evidência científica sobre a forma como pessoas trans e não binárias são desproporcionalmente afetadas por problemas de saúde mental e doenças mentais.
A prevalência de depressão, ansiedade e comportamentos autolesivos é superior à população geral. Vários estudos têm demonstrado que, ainda assim, enfrentam maiores entraves no acesso a cuidados de saúde. O estigma, a discriminação e a violência transfóbica não só tem uma relação direta com esse sofrimento, como dificultam que peçam ajuda, que cheguem cedo aos serviços e piora a relação terapêutica com profissionais de saúde.
Ao longo de 13 anos, a psiquiatra Zélia Figueiredo acompanhou cerca de 700 pessoas em consulta no Serviço Nacional de Saúde. Durante esse período, ajudou pessoas trans a navegar um sistema de saúde nem sempre acessível: encaminhou-as para outras consultas; apoiou-as nas conversas com a família; ajudou-as a compreender o que estava a acontecer; deu formação a outros profissionais de saúde; falou em escolas. Acredita que no dia em que a sociedade como um todo compreenda o que é ser trans, grande parte do seu trabalho deixa de ser preciso.
Esta quinta-feira, Dia Internacional da Saúde Mental, republicamos uma entrevista com Zélia Figueiredo, coordenadora do grupo consultivo para a Diversidade Sexual e de Género da Direção-Geral da Saúde.
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A justiça restaurativa não é uma ideia americana ou europeia dos anos 70. Na verdade, o conceito funde práticas indígenas africanas e norte-americanas de resolução de conflitos. Mas tem vindo, nas últimas décadas, a ganhar importância dentro dos sistemas penais ocidentais, em particular em crimes cometidos por jovens ou percepcionados como de baixa gravidade, tentando responder às críticas de que a atual justiça retributiva e punitiva falha tanto às vítimas como aos infratores.
Em Inglaterra e no País de Gales, a polícia, tribunais e gabinetes de reinserção social têm a obrigação legal de oferecer à vítima a hipótese de participar em processos de justiça restaurativa. Mas, na prática, nem todas têm essa oportunidade. Rebecca Banwell-Moore, investigadora de pós-doutoramento em criminologia na Universidade de Nottingham, estudou o quão distante está a teoria da realidade. Acredita que a justiça restaurativa faz falta aos tribunais, às polícias e às prisões, mas ainda não acha que os vá substituir.
Esta entrevista faz parte da séria sobre as prisões em Portugal que estamos a produzir. Sabe mais em www.fumaca.pt/prisoes/
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Desde o chamado período colonial, pessoas e recursos fluem do Sul para o Norte, de uma forma muitas vezes violenta. A crise climática reflete esse mesmo desequilíbrio de forças e deixou à vista uma dívida ecológica histórica por pagar.
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Em junho de 1972, um acordo internacional das Nações Unidas assumiu uma nova maneira de pensar a relação com o ambiente. Em Estocolmo, líderes dos Estados-membros reconheceram, pela primeira vez, a existência de alterações climáticas provocadas pelas atividades humanas. Nos 48 anos que passaram desde então, as emissões globais de gases com efeito de estufa duplicaram.
[Nota: Uma parte deste episódio é falado em inglês e francês. Se quiseres ouvir uma versão traduzida para português, procura "Extras", do Fumaça, na tua aplicação de podcasts.]
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Em 2011, Ioane Teitiota pediu à Nova Zelândia que o reconhecesse como o primeiro refugiado climático do mundo. Kiribati, o pequeno arquipélago no Pacífico onde vive com a mulher e os três filhos, poderá estar praticamente submerso em 2050. A sua luta terminou sem sucesso. E, ainda hoje, os refugiados climáticos caem pelas brechas da lei de asilo.
[Nota: Uma parte deste episódio é falado em inglês. Se quiseres ouvir uma versão traduzida para português, procura "Extras", do Fumaça, na tua aplicação de podcasts.]
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Já está cá fora a banda sonora original da série "Desassossego". É um álbum com 22 das músicas, uma hora e quarenta que te pode acompanhar para qualquer lado. O nosso Bernardo Afonso compôs e gravou inicialmente como banda sonora da série "Desassossego". E, nos últimos meses, misturou-o e masterizou-o para que o possas ouvir como um álbum independente. Estão aqui muitas horas de trabalho e um tanto suor.
🎧 Está disponível em qualquer aplicação de música. Esperamos que gostes. Se te apetecer, diz-nos o que achaste.
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Quando a guerra chegou, a Síria estava a sair de cinco anos de seca extrema que devastaram o país. Cerca de 800.000 sírios tinham perdido os seus meios de subsistência, milhares mudaram-se para as cidades. Adam Al Alou, investigador, viu isso de perto. Que papel teve a crise climática em tudo isto?
[Nota: Uma parte deste episódio é falado em inglês. Se quiseres ouvir uma versão traduzida para português, procura "Extras", do Fumaça, na tua aplicação de podcasts.]
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Os habitantes da tabanca de Djobel, uma pequena aldeia no noroeste da Guiné-Bissau, não compreendem porque está a natureza de que sempre cuidaram a castigá-los. A fábula da serpente é, para alguns, uma forma de fazerem sentido do que lhes está a acontecer. O mar está a subir e a roubar-lhes a terra, as casas, os locais sagrados. A água vai obrigá-los a fugir. Para onde?
[Nota: Neste episódio existem algumas vozes faladas em inglês. Se quiseres ouvir uma versão traduzida para português, procura o podcast "Extras", do Fumaça, na tua aplicação de podcasts.]
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Houve, após o 25 de Abril de 1974, uma hipótese de o povo assumir diretamente o controlo da coisa pública, sem partidos nem representantes, capitalismo nem Estado. Mas os políticos “não estavam virados para aí”. Partidário da anarquia, José Tavares justifica o uso da violência em democracia, para construir hoje, através de ocupações, greves ou assaltos, o mundo que se quer ter amanhã. Mas denuncia a violência espetáculo: o uso da força deve ter um fim, e um inimigo. “O colapso desta civilização”, conta, após décadas de militância, “é uma ambição”.
Lê a transcrição completa em https://fumaca.pt/jose-tavares-sobre-poder-popular-e-o-uso-da-violencia-em-democracia
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Saleem Haddad trabalhou como investigador e mediador para organizações internacionais em países de maioria muçulmana, no pós-11 de Setembro. Esteve no Iraque, Síria e Iémen. Trabalhou sobre os contextos da Somália, Afeganistão e Paquistão. Até que começou a questionar o princípio da neutralidade que norteava esse trabalho: “Não é um ato neutro quando se vê de onde vem o dinheiro e quem toma as decisões”.
Com a jornalista Rafaela Cortez, estamos a escrever uma série de três episódios sobre a indústria de apoio internacional na Palestina que entrará em detalhe em muito do que aqui vais ouvir. Se quiseres acompanhar o progresso desse trabalho, clica aqui.
[English]
Saleem Haddad worked as a researcher and mediator for international organizations in Muslim-majority countries after September 11. He was in Iraq, Syria and Yemen. He worked on the contexts of Somalia, Afghanistan and Pakistan. Until he began to question the principle of neutrality that guided that action: "It's not a neutral act when you see where the money comes from and who makes the decisions."
This interview is in English, but the introduction is in Portuguese.
With journalist Rafaela Cortez, we're writing a three-part series on the international aid industry in Palestine that will go into detail on much of what you'll hear here. If you want to follow the progress of this work, click here.
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