De segunda a sexta às 7h. Antes de tudo: P24. O dia começa aqui
Maria Teresa Horta, jornalista, escritora e poeta, morreu, ontem, aos 87 anos. A Desobediente, título da sua biografia, ficou célebre pelo escândalo que gerou no país, em 1972, a publicação das Novas Cartas Portuguesas.
Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, as três autoras desta obra, um marco na história, quer da literatura portuguesa, quer do feminismo, foram acusadas de terem escrito um livro com conteúdo pornográfico e atentatório da moral pública.
A ditadura do Estado Novo não lhes perdoou a ousadia e processou-as. O julgamento das “Três Marias”, como ficou conhecido, começou em Novembro de 1973 e terminou já depois do 25 de Abril de 1974.
A jornalista e crítica literária Isabel Lucas entrevistou-a, no ano passado, para a edição especial de aniversário do Público, quando Maria Teresa Horta foi a nossa directora por um dia. “Um país fascista era uma coisa muito perigosa”, era esse o título dessa entrevista, da qual ouvimos um excerto no início deste episódio.
Convidamos Isabel Lucas para nos falar de alguém que definiu como “rebelde, inconsciente e apaixonada”.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
A poucas horas da hora agendada para a entrada em vigor das taxas alfandegárias de 25% anunciadas por Donald Trump, o México parece ter conseguido adiar a passagem à prática desta medida durante pelo menos um mês. O mesmo acabou por acontecer com o Canadá. Mas, enquanto enquanto a Europa e os mercados dormiam, Donald Trump garantiu em Washington que a imposição de taxas alfandegárias à União Europeia era apenas uma questão de tempo. Estamos preparados para uma guerra comercial com os Estados Unidos da América? E quais as consequências para Portugal? Neste P24 ouvimos o antigo ministro da Economia Pedro Siza Vieira e vamos aos Estados Unidos com o correspondente do PÚBLICO, Pedro Guerreiro.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
O grupo de trabalho criado pelo governo para analisar a sustentabilidade da Segurança Social entrou em funções na última quinta-feira.
O facto de este grupo ser liderado por Jorge Bravo, economista e consultor do sector dos seguros e fundos de pensões, fez com que os partidos de esquerda acusassem o governo de querer entregar o sistema aos fundos privados.
A ministra do Trabalho admite ter ficado perplexa com as críticas que estão a ser feitas a este grupo de trabalho, como ouvimos no som de abertura deste episódio, e garante que o Governo não está a pensar privatizar a Segurança Social.
Amílcar Moreira, professor do ISEG, fez parte da comissão que elaborou aquele livro verde e é o convidado deste episódio. Será com ele que vamos tentar perceber quais são as ameaças que o regime enfrenta.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os malefícios do Brexit estão à vista. A saída do Reino Unido da União Europeia, há precisamente cinco anos, coincidiu com a pandemia da Covid-19 e o seu Produto Interno Bruto terá sido o mais afectado em 2020, entre os países do G7.
Ainda recentemente, a ministra das Finanças, Rachel Reeves, assumiu que o Brexit prejudicou a economia do Reino Unido e diz querer recuperar parte do PIB perdido.
O primeiro-ministro Keir Starmer tem procurado melhorar a relação com Bruxelas, mas está determinado em manter o país fora do mercado único e da união aduaneira europeia.
No entanto, uma sondagem recente revela que 55% dos inquiridos apoiariam o regresso do Reino Unido à União Europeia, contra 43% que defende o contrário.
Neste episódio, André Pereira Matos, professor da Universidade Aberta, onde co-coordena o Mestrado em Estudos sobre a Europa, aborda a reaproximação de Londres a Bruxelas e a crescente desilusão da população com os efeitos daquela decisão.
Para o nosso convidado de hoje, o Brexit teve custos assimétricos e quem ficou a perder não foi a União Europeia, mas sim o Reino Unido.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
No dia 12 de Dezembro, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, anunciou mais um novo corte nas taxas de juro de referência do BCE. Foi a quarta descida consecutiva, que de alguma forma provava o sucesso da estratégia europeia de combate à inflação. Com o índice dos preços a descer mês após mês, apesar de alguns sinais contrários no sector dos serviços, o custo do dinheiro podia baixar. A taxa de referência do BCE é aquele instrumento que determina quanto pagamos pelo empréstimo da casa ou que contribui para que a economia tenha uma maior ou menor dinâmica de investimento. É uma decisão que, como se costuma dizer, nos entra pelo bolso.
Hoje o conselho de governadores do Banco Central Europeu reúne-se de novo e todos os analistas afirmam que a tendência de corte na taxa de juro de referência será mantida. Ou seja, tudo indica que essa taxa caia 25 pontos base, passando de 3 para 2.75%. Com o custo do dinheiro mais barato, pode ser que os gastos dos consumidores aumentem e façam disparar o índice de preços. Ou seja, que forcem a subida da inflação. Mas os governadores dos bancos centrais parecem confiantes no futuro e acreditam que isso não vai acontecer. O que afinal eles, os agentes económicos e os governos querem é que haja mais investimento e criação de emprego. O BCE está pronto a fazer-lhes a vontade.
De acordo com algumas previsões, o BCE vai continuar a baixar as suas taxas até meados do ano. Lá para o verão, a taxa de referência poderá estar na casa dos 2%. Boas notícias, portanto. A Europa está a crescer pouco, casos como o da Alemanha preocupam e um estímulo da política monetária é uma ajuda preciosa. Mas, o que pode acontecer se os Estados Unidos aumentaram tarifas de importação e desencadearem uma guerra comercial? Na economia, as incertezas fazem parte do jogo. Na maior parte das situações, há que esperar para ver o que vem a seguir. Por agora, o que interessa é que os juros estão a baixar de novo.
Fiquemos com essa celebração e juntemos à conversa Pedro Brinca, para nos ajudar a perceber até onde, como e quanto podemos festejar esta tendência. Pedro Brinca é investigador associado da Nova SBE e investigador do centro de Economia e Finanças da faculdade de Economia da Universidade do Porto.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na manhã desta segunda-feira, os mercados financeiros dos Estados Unidos entraram num estado de nervosismo estranho e surpreendente. Uma start-up chinesa de que ninguém ouvira falar, a DeepSeek, tinha desenvolvido uma ferramenta de inteligência artificial que prometia mudar uma área da ciência e da tecnologia até agora dominada pelos gigantes norte-americanos.
De repente, as acções da mais valiosa empresa do mundo, a NVIDIA, que fabrica chips para a inteligência artificial, entraram em queda e, no final do dia, o valor da companhia tinha perdido o equivalente ao dobro do produto interno bruto de Portugal. O choque e o pavor passaram pela banca, pelos mercados, pelos fóruns da ciência e chegou à Casa Branca. O sempre arrogante Donald Trump lá teve de interpretar o tremor de terra como uma chamada de despertar para a América: a China estava a dar cartas numa indústria do futuro.
Já se sabia há muito que, em áreas que vão dos automóveis eléctricos às energias verdes ou ao computer clouding, a China deixara de ser a fábrica de pechisbeque das lojas dos 300. Mas dificilmente um leigo poderia prever a pequena revolução da DeepSeek. Uma empresa iniciada há cinco anos investiu na contratação de jovens chineses talentosos e apostou na investigação de raiz até chegar a uma solução para a inteligência artificial que dispensa os padrões dos norte-americanos. O que eles fizeram foi espantoso: num estudo de 22 páginas divulgado para todo o mundo, mostraram que com pouco mais de 2000 chips, e um investimento de cinco milhões de euros conseguiam produzir um modelo de inteligência artificial capaz de competir com os modelos das gigantes tecnológicas americanas. A inteligência artificial foi dessacralizada.
Depois da surpresa, o espanto. Aquilo que a DeepSeek afirmava era verdade, não era propaganda. A tentativa do Washington de atrasar os chineses, proibindo a exportação dos chips da NVIDIA, tornara-se risível. A companhia tinha desenvolvido um código que permitia a aprendizagem da linguagem, que gerava inteligência artificial, de uma forma muito mais barata e eficiente. A China tinha entrado para a vanguarda das tecnologias do futuro. Nada será como antes, mesmo que haja dúvidas legítimas sobre o papel que uma ferramenta de AI tutelada pelo estado chinês possa ter ao nível da desinformação e da manipulação das opiniões públicas. Como o The Guardian constatou, para a DeepSeek, Taiwan é território inalienável da China.
Para analisarmos o que está em causa, convidámos para este episódio do P24 o professor Arlindo Oliveira, do Instituto Superior Técnico, que é também presidente do INESC e autor, entre muitos outros, do livro Inteligência Artificial Generativa publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, veio a Portugal pedir mais investimento em Defesa e o Governo respondeu que estava disponível para “antecipar ainda mais” o investimento de 2% do Produto Interno Bruto em armamento. Mas a NATO considera que é insuficiente.
Na semana passada, em Davos, como ouvimos no som de abertura deste episódio, Rutte disse que havia dois problemas. O primeiro era este: nem todos os membros da NATO gastam 2% do PIB em defesa, como estipulado há 10 anos.
E o segundo problema é o receio de que essa percentagem seja insuficiente para os objectivos militares da aliança.
Portugal faz parte dois problemas. No caso nacional, o país atingiria os 3% sugeridos por Rutte se duplicasse as suas despesas com as forças armadas. Será isso possível sem colocar em causa o equilíbrio financeiro e o Estado social.
Neste episódio, Tiago André Lopes, professor de Estudos Asiáticos e Diplomacia na Universidade Lusíada do Porto, reflecte sobre a evolução da NATO.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
O campo de concentração de Auschwitz foi libertado pelas tropas soviéticas, precisamente, há 80 anos.
A efeméride do Dia da Memória do Holocausto relembra-nos que mais de um milhão de pessoas foram assassinadas no mais terrível dos campos de concentração nazis.
A memória do Holocausto não nos pode deixar indiferentes no actual contexto político mundial, no qual as ideias nazis têm um relevo público sem precedentes, quando o fantasma hitlerariano volta a pairar sobre a Europa, nomeadamente entre a extrema-direita alemã, o quando a saudação nazi é repetida por Elon Musk.
“A extrema-direita cresce na negação dos crimes do passado”, diz Álvaro Vasconcelos, convidado do episódio de hoje.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na campanha eleitoral para as eleições legislativas do ano passado, Miguel Arruda, candidato pelas listas do Chega nos Açores, defendia o aumento da capacidade de cadeia para que a “limpeza” do país prometida pelo seu partido pudesse acontecer. Passado um ano, a exigência feita pelo agora deputado açoriano parece ter acontecido em defesa de um interesse pessoal. Vejamos porquê: se as suspeitas da polícia se confirmarem, Miguel Arruda terá cometido vários roubos de malas, ao longo de meses, nos tapetes do aeroporto de Lisboa. O PÚBLICO noticiava até que, depois de as buscas das polícias terem encontrado as malas roubadas, bem como parte dos seus recheios na sua casa de Lisboa, o deputado terá até confessado a autoria do crime. Assim sendo, sempre terá uma cadeia com espaço para o acolher, do que outra sem grandes condições de conforto.
O caso de Arruda não é novo, mas serve sempre para expor os limites do discurso moralista de partidos, como o Chega, que tendem a dividir as sociedades entre eles, os bons, e os maus, todos os que não pensam ou defendem os mesmos valores que eles, sejam militantes ou dirigentes da esquerda, intelectuais ou imigrantes. A diferença entre o discurso da limpeza de um país supostamente contaminado de corruptos e a bancada que faz esse discurso, onde cerca de 20% dos deputados têm ou tiveram problemas com a justiça, é reveladora. Um deputado de um partido com este discurso ser apanhado num crime tipo pilha-galinhas, é tanto uma prova de hipocrisia como de inconsistência.
André Ventura percebeu depressa o perigo que o caso das malas representa para o Chega e tratou de atacar o foco da potencial infecção, prometendo agir em nome da defesa do partido. Em teoria, casos como este têm potencial para desgastar a credibilidade e o poder de atracção de políticos e de partidos. Mas, a prática, nos casos da extrema-direita, está longe de o confirmar. A eleição de um homem sem qualidades como Donald Trump nos Estados Unidos, a associação de Salvini ou de Marine Le Pen a casos de uso indevido de dinheiros públicos ou de financiamentos suspeitos da Rússia não bastaram para reduzir o seu poder eleitoral.
E entre nós, que implicações pode ter este caso? Será que vai ser um problema para Ventura? Convidámos para este episódio do P24 o cientista político, investigador do ISCTE e professor na Universidade Lusófona Ricardo Marchi, um italiano que se doutorou em História em Lisboa e escreveu vários livros sobre a Direita em Portugal, entre os quais "A Nova Direita Anti Sistema - O caso do Chega".
See omnystudio.com/listener for privacy information.
Sem o contingente prioritário, que foi criado em 2023 para os alunos com menos recursos económicos, 41% dos estudantes com escalão A da acção social escolar que entraram nesse ano no curso superior que escolheram não o teriam conseguido fazer. Isto porque a sua nota de candidatura era inferior à nota mínima de entrada através do regime geral de acesso. No entanto, apesar de este contingente estar, em parte, a cumprir o seu propósito, é ainda pouco utilizado pelos estudantes: dos 3367 candidatos elegíveis, apenas 43% optaram por se candidatar por essa via.
Estas são algumas conclusões da Avaliação de Impacto do Contingente Prioritário para Beneficiários de Acção Social Escolar (ASE-A), um estudo do Edulog, o think tank para a educação da Fundação Belmiro de Azevedo, apresentado nesta quinta-feira. Neste P24 ouvimos o coordenador do estudo, Pedro Luís Silva.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
E vão três, no espaço de dois anos. Álvaro Santos de Almeida é o novo director executivo do SNS e vai substituir António Gandra d’Almeida, que se demitiu do cargo após uma investigação jornalística ter revelado que o tenente-coronel médico tinha acumulado funções de forma irregular.
O novo director executivo do SNS, cuja escolha foi anunciada, ontem, pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, é economista, ex-deputado e ex-candidato à Câmara Municipal do Porto.
O convidado deste episódio é o antigo ministro da Saúde, Correia de Campos, que critica a direcção executiva, por a considerar uma redundância, e defende a sua fusão com os serviços centrais do ministério.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
Your feedback is valuable to us. Should you encounter any bugs, glitches, lack of functionality or other problems, please email us on [email protected] or join Moon.FM Telegram Group where you can talk directly to the dev team who are happy to answer any queries.