Esta semana o LADO BI entrevista o deputado Jean Wyllys, único membro abertamente gay da Câmara e escolhido como uma das 50 personalidades que mais trabalham pela diversidade no mundo. Ele comenta sobre a situação política atual: "Durante muito tempo algumas pessoas relutaram em admitir que se tratava de um golpe contra a democracia. Só numa republiqueta de bananas uma presidenta é derrubada com uma peça jurídica chinfrim escrita por uma psicótica." Também não poupa palavras sobre quem ocupou o poder no último ano: "Michel Temer é um corrupto. O PMDB é uma facção de ladrões. Eduardo Cunha aparecia como um homem de bem, atacando os direitos de gays, de mulheres, dos povos de religião de raiz africana. Onde está Cunha hoje? Na prisão, ele é um bandido." Wyllys também critica as reformas que estão correndo pelo legislativo, como a da Previdência: "As mudanças propostas ampliam o tempo de contribuição e elevam a idade com que as pessoas se aposentam. isso é injusto quando a gente tem um país de proporções continentais como o Brasil, em que a expectativa de vida varia não apenas de região para região, como dentro da mesma cidade. Como a gente não vai levar em conta que travestis e mulheres trans, forçadas à prostituição pela transfobia, têm uma expectativa de vida de 35 anos?" O deputado analisa o atual descaso do poder público quanto à epidemia de HIV: "A Aids a princípio estava circunscrita às classes média e alta. Quando uma doença atinge os mais ricos, é óbvio que o Estado faz mais esforços para controlar essa doença. Quando ela se pauperiza, vai para as camadas pobre, e se interioriza, vai para os rincões do Brasil, ela então deixa de ser uma preocupação maior do estado. Os casos de Aids hoje se concentram entre homens pobres, negros e pardos." Também reconhece que mesmo entre LGBTs há aqueles que não o apoiam: "Muitos gays me detestam porque eu não tenho preocupação só com os gays ricos, eu defendo também os gays pobres, negros, vulnerabilizados pela miséria. Dizem 'O Jean Wyllys não me representa'. Só porque defendo também pobre, preto, travesti, transexual? Então que se foda, não defendo mesmo." Por fim, reflete sobre o efeito que sua carreira política teve sobre sua vida pessoal: "Os homens que se relacionariam comigo têm medo da exposição involuntária que acontece com quem se relaciona comigo. Fui uma vez para a sauna e me trataram como se eu fosse um ET. Como se minha função fosse apenas ser inteligente e defender LGBTs na Câmara."
5 June 2017, 11:00 am