O Poema Ensina a Cair

Raquel Marinho

Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados. Um projecto da autoria de Raquel Marinho. "Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.

  • 1 hour 32 minutes
    Madalena Sá Fernandes: "Para mim, um bom poema é um poema que me inquieta, que não percebo totalmente e quero perceber, que me desconcerta, que me perturba."

    "Na escola, assim que percebi que havia poesia, quis logo começar a imitar. E então, na altura, as composições que eu fazia eram sempre poesia."

    Madalena Sá Fernandes nasceu em Lisboa, em 1993. Licenciou-se em Línguas, Literaturas e Culturas pela Universidade Nova de Lisboa.
    É cronista no jornal Público.
    O seu primeiro livro, Leme, vai na 8ª edição.

    Poemas:

    Três, Anne Carson

    Alfabeto, Inger Christensen

    Para Claude, Nuno Júdice

    After great pain, a formal feeling comes, Emily Dickinson

    Homenagem à Literatura, Fiama Hasse Pais Brandão

    O Problema da Habitação, Ruy Belo

    12 December 2025, 6:00 am
  • 1 hour 25 minutes
    Pedro Abrunhosa: "Muitas vezes, a poesia serve de espoleta para a minha própria escrita."

    "Estar no meio da floresta a ouvir o vento na copa das árvores, ou os pássaros, ou a chuva. É silencio. O silencio é isso. Não é ausência, não é o vazio. É a presença de qualquer outra coisa."

    Pedro Abrunhosa é um dos artistas e escritores de canções mais reconhecidos do nosso país. Nasceu em 1960, e começou a estudar música muito cedo.

    Contrabaixista, fundador da Escola de Jazz do Porto, estreou-se aos 34 anos com o disco Viagens, eleito, em 2024, o Melhor Disco da Música Portuguesa dos últimos 40 anos por júri da BLITZ com 170 personalidades.

    Acaba de lançar um livro que inclui todas as letras que escreveu desde o início da carreira artística chamado Vem Abrir a Porta à Noite, edição Contraponto. Para guiar a nossa conversa escolheu, como costuma acontecer aqui, alguns dos poemas de que mais gosta. São eles:

    José Tolentino Mendonça – Paga-me um café e conto-te a minha vida

    José Gomes Ferreira – nunca encontrei um pássaro morto nafloresta

    Daniel Faria - Estuário

    Canção – Jorge Sousa Braga

    Ana Hatherly – Esta gente, essa gente

    Jorge de Sena – No país dos sacanas

    David Mourão-Ferreira – E por vezes

    Fernando Assis Pacheco – Este ministro é um mentiroso

    Renato Filipe Cardoso – Amor nominal bruto

    Miguel Martins – Da Literatura

    Golgona Anghel – somos daqueles que limpam os ouvidos com a chave do Mercedes

    Rita Neto - Petingas em promoção

    5 December 2025, 6:00 am
  • 1 hour 9 minutes
    Fernanda Fragateiro: Eu acho que a poesia é a flexibilidade máxima. Não tem fim. A poesia é uma linha. Ler um poema é como pegares numa linha que não tem fim."

    "Eu fui absorvida completamente. Ou seja, não seria possíveleu continuar muito mais tempo a trabalhar neste projeto ou noutro do género porque, se calhar, teria de voltar as costas ao resto. E não sei se, a um dado momento, não decidiria voltar as costas ao resto."

    A artista plástica Fernanda Fragateiro está esta semana no podcast, porque foi uma das artistas convidadas a integrar o programa cultural do Jubileu 2025, da Igreja Católica, através do projeto internacional ‘Portas da Esperança’, que visa assinalar o Jubileu no âmbito das prisões unindo arte e reinserção social.

    Em Portugal, as residências artísticas foram promovidas pela Zet Gallery, em 2 estabelecimentos prisionais. O artista moçambicano Elídio Candja esteve no de Leiria, e Fernanda Fragateiro esteve na ala das mães do Estabelecimento Prisional de Tires.

    Nesta intervenção, que decorreu ao longo de várias semanas em diferentes workshops, Fernanda Fragateiro usou poesia portuguesa para dar outra cor e significado aos espaços da prisão, e também às celas das reclusas.

    Sobre todo este processo nos dá conta ao longo da conversa com Raquel Marinho, mas também, como costuma acontecer, ficamos a conhecê-la melhor, à sua relação precoce com a poesia, e ao que considera ser o desígnio e o papel da arte na sociedade.

    28 November 2025, 6:00 am
  • 1 hour 30 minutes
    Leituras com Pedro Mexia: "O Sena tinha ao mesmo tempo uma noção muito elevada do seu valor literário e uma grande amargura pelo pouco reconhecimento que tinha. "

    Na rubrica de sugestões de leitura deste mês, Pedro Mexia traz-nos 2 livros:

    Cultura, do filósofo, professor e crítico literário inglês Terry Eagleton, edições 70

    e

    Sophia-Sena, As Cartas, edição Guerra e Paz


    Como acontece sempre no decorrer desta conversa, muitos outros nomes de áreas distintas da cultura acabam por se juntar a nós.

    Por exemplo Luís de Camões, William Carlos Williams, João Miguel Fernandes Jorge, Oscar Wilde, Jim Morrison, Agustina Bessa-Luís, Charlie Chaplin, Miguel Torga, Aquilino Ribeiro, Eugénio de Andrade, T. S. Eliot, Emily Dickinson, Vergílio Ferreira, Almeida Faria, Arnaldo Saraiva, James Joyce, Manuel Alegre, Platão, Aristóteles, George Steiner, Immanuel Kant, Ludwig van Beethoven, Fernando Pessoa, Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Vasco Graça Moura, Vítor Manuel de Aguiar e Silva, Safo, Konstantínos Kaváfis, Dante Alighieri, Friedrich Hölderlin, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, ou Chico Buarque.

    21 November 2025, 6:00 am
  • 1 hour 32 minutes
    Anabela Mota Ribeiro: "Eu acho que escrevo tanto com o cinema ou com as artes plásticas como escrevo com a literatura."

    "Essa é, no fundo, a ideia nuclear do Quarto do Bebé. É que omeu útero sempre esteve na minha mão e na minha cabeça. No fundo, eu sempre soube que não ia ser mãe desses bebés e que é possível exprimir a nossa fertilidade de outra maneira."

    Anabela Mota Ribeiro é jornalista, escritora e programadora cultural. Nasceu em Trás os Montes, em 1971. Fez a licenciatura e o mestrado (variante Estética) em Filosofia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, curso que escolheu porque "era uma forma de organizar o pensamento e de ler umas coisas acompanhada, mais dirigida", que não leria de outra forma.

    Publicou vários livros, alguns decorrentes de programas que apresentou e criou, e um romance chamado "O Quarto do Bebé", em 2023.

    Também sobre esse livro e sobre as reflexões que ele traz conversamos no podcast.

    As escolhas de Anabela:

    Ana Hatherly, Tisana

    Jorge Sousa Braga, Levaram-no ao serviço de urgência

    Adília Lopes, esta música/ é linda/ mas não anula

    Alice Sant’ Anna, Sabiá

    Adélia Prado, As Palavras e os Nomes

    Chico Buarque, Eu Te Amo

    Ruy Belo, Não Sei Nada

    (fotografia de Estelle Valente)

    14 November 2025, 6:00 am
  • 1 hour 14 minutes
    Cristina Branco: "Provavelmente, o meu primeiro grande crush literário foi o David Mourão-Ferreira."

    Lançou recentemente o disco Mulheres de Abril, resgatando algumas letras que considera urgentes nos dias que correm. Acredita que, por ter uma voz pública, tem quase uma obrigação cívica de intervir e usa a música para o fazer.

    Nesta conversa, conhecemos o seu percurso na música - que começou quando cantava na casa dos avós usando a vassoura como microfone - e cresceu para palcos nacionais e internacionais, 18 álbuns, quase 30 anos de carreira.

    Conhecemos o seu enamoramento pelas palavras, as dos poetas mas também dos ficcionistas, a importância que atribui à cultura e à arte como instrumentos de pensamento.

    Cristina Branco veio ao podcast para a conhecermos melhor através de alguns dos poemas de que mais gosta, e são eles:

    Cecília Meireles, Motivo

    Mário Cesariny, You are welcome to Elsinore

    Adília Lopes, Arte Poética

    Levi Condinho, Recado

    David Mourão-Ferreira – E por vezes

    Daniel Jonas, Virá atrás de ti

    Herberto Helder, levanto à vista o que foi a terramagnífica

    7 November 2025, 6:00 am
  • 1 hour 12 minutes
    Leituras com Pedro Mexia: "E o final não é esperançoso, mas não é o que nós estávamos à espera. É um final absolutamente colossal."

    Na rubrica de sugestões de leitura deste mês, Pedro Mexia traz-nos 3 livros:

    Herscht 07769, de László Krasnahorkai, Prémio Nobel da Literatura 2025, tradução de João Miguel Henriques a partir do húngaro, edição Cavalo de Ferro;

    A Destruição Do Tempo - Três Décadas, Uma Antologia, de Luís Quintais, edição Assírio & Alvim;

    Que Se Passa com o Baum?, o primeiro romance de Woody Allen, tradição de Miguel Martins, edição Edições 70

    Como normalmente acontece nestas conversas sobre sugestões literárias, muitos outros autores e referências musicais ou cinematográficas aparecem.

    Aqui ficam alguns exemplos: Tatiana Faia, Wallace Stevens, João Miguel Fernandes Jorge, Joaquim Manuel Magalhães, T. S. Eliot, Johann Sebastian Bach, Béla Tarr, Emir Kusturica Simone Weil, Milan Kundera, Thomas Bernhard, Karl Ove Knausgård, Georges Perec, Peter Handke, Jon Fosse, James Joyce, Pedro Costa ou Liev Tolstói.

    31 October 2025, 6:00 am
  • 1 hour 46 minutes
    Catarina Nunes de Almeida: Quando tenho esse tempo e esse silencio é quando as coisas acontecem para a escrita."

    Catarina Nunes de Almeida nasceu em Lisboa, em 1982. É poeta, investigadora, com formação em Estudos Portugueses e doutoramento na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que resultou na obra «Migração Silenciosa – Marcas do Pensamento Estético do Extremo Oriente na Poesia Portuguesa Contemporânea».

    Acredita que escreve poesia devido às experiências que os avós lhe proporcionaram na infância. Procurava então, e continua a procurar agora, o silêncio, a natureza, a observação e a contemplação.

    Tem seis livros de poesia publicados, e uma inclinação natural para o orientalismo, e para essa forma poética chamada haiku.

    Diz muitíssimos bem poesia, como poderão escutar ao longo deste episódio, para o qual escolheu autores de que gosta muito há muito tempo, mas também algumas novidades, como por exemplo um autor que traduziu e cujo livro será publicado em breve.


    Poemas:

    - Mulher da Erva - Zeca Afonso, in «Cantigas do Maio»

    - Escrevo do lado mais invisível das imagens - Daniel Faria, in «Dos Líquidos»

    - Um Outro Nascimento - Forough Farrokhzad, trad. Vasco Gato

    - Príncipe - Ana Hatherly, in «Um Calculador de Improbabilidades» (ou

    - Esta Noite Morrerás - Ana Hatherly, in «Poesia 1958-1978») ...indecisão ;)

    - Cálice - Chico Buarque, in «Chico Buarque»

    - Aceita o Universo - Alberto Caeiro

    - Acontecimento - Ruy Belo, in «Aquele Grande Rio Eufrates»

    - A construção será redonda - António Ramos Rosa, in «O Aprendiz Secreto»

    - O Desejo de Ser Generoso - Wendell Berry, trad. Catarina Nunes de Almeida

    - A Terra do Estranho, A Terra Serena - Mahmoud Darwich, trd. Manuel Alberto Vieira

    24 October 2025, 1:30 pm
  • 1 hour 39 minutes
    Maria Castello Branco

    Tem 26 anos, é comentadora política, cronista, podcaster,curiosa, leitora, perguntadora por natureza e desde sempre. Maria Castello Branco nasceu em Abril de 1999 e logo na infância anunciou que quando fosse crescida queria ser filósofa ou primeira-ministra.

    Quando terminou o Ensino Secundário pensou estudar Literatura, mas acabaria por se licenciar em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica de Lisboa, e por fazer depois um mestrado em Teoria Política na London School of Economics, onde se especializou em Filosofia Política Chinesa.

    Já passaram uns anos e confessa-nos, no decorrer desta conversa, que não só a melhor professora que alguma teve foi a professora de Literatura, como essa foi também a sua 'melhor disciplina de sempre'.

    Integrou a Juventude do CDS e a Iniciativa Liberal, partido pelo qual foi candidata a deputada nas legislativas de 2019. Já não está na política activa, mas não exclui em definitivo a possibilidade de regressar um dia.

    Poemas:

    1. rêve oublié, António Maria Lisboa
    2. the fortress, Louise Gluck
    3. ⁠when slowness arrives, John Holloway
    4. quietness, Rumi
    5. beloved, Ibn arabi
    6. dizem que precisam de ar, Regina Guimarães
    7. ando um pouco por cima do chão, Daniel Faria
    8. não sei como dizer-te que minha voz te procura, Herberto Helder


    17 October 2025, 5:00 am
  • 1 hour 43 minutes
    Rui Lage: "Eu creio que todos os poetas, mesmo que não o confessem, têm alguma vontade ou gostavam de conseguir eternizar as pessoas de quem mais gostam, as pessoas que amam. "

    Rui Lage nasceu em 1975. É escritor, professor e político, membro da Assembleia Municipal do Porto e assessor no Parlamento Europeu. Doutor em Literatura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a sua obra foi distinguida por diversas vezes. Foi responsável, com Jorge Reis-Sá, pela mais extensa e completa antologia da poesia portuguesa alguma vez organizada: Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI (Porto Editora). Mais recentemente, já este ano, organizou o livro Adeus, Campos Felizes, Antologia do Campo na Poesia Portuguesa do Século XIII ao Século XXI,para o qual escreveu um ensaio, e o livro Filhos da época, 50 poemas políticos nos 50 anos do 25 de Abril, que reúne 50 poemas de poetas de várias gerações da poesia portuguesa em diálogo com a tradição e com o seu tempo.

    Poemas:

    Matsuo Basho - "haiku da rã" (versão de Jorge Sousa Braga)John Donne - O Êxtase (trad. Helena Barbas - "PoemasEróticos", Assírio & Alvim)

     Giacomo Leopardi - O Infinito (trad. de Albano Martins -"Cantos", Vega, Lisboa, s/d.)

     Rilke - Elegia de Duíno VIII (trad. de Paulo Quintela)

     D.H.Lawrence - Figos (versão de Herberto Helder, in "AsMagias")

     Herberto Helder - Elegia Múltipla - VIII (de "A Colherna Boca")

     Ruy Belo - Elogio de Maria Teresa (de "Transporte noTempo")

     Jorge de Sena - A morte, o espaço, a eternidade (de"Metamorfoses")

     Manuel António Pina - Junto à água (de "Um sítio onde pousar a cabeça")

     Carlos de Oliveira - Montanha (de "Pastoral")

    10 October 2025, 5:00 am
  • 1 hour 29 minutes
    Ana Cláudia Santos: "Eu tenho cadernos ou lápis em todas as zonas da casa. Acho que perdi tanto tempo a não escrever que agora gostava muito de tentar aproveitar o tempo perdido."

    Recebemos a escritora e tradutora Ana Claúdia Santos. Nasceu em 1984, em Lisboa. Passou a infância na Cruz de Pau e a adolescência em Beja. Viveu em Nápoles e em Pisa. É doutorada em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa e dedicou-se ao estudo de Giambattista Vico, cuja autobiografia traduziu.

    Traduziu, entre outros, Carlo Collodi, Sergio Solmi, Italo Svevo, Carlo Levi, Fleur Jaeggy, Alba de Céspedes e Natalia Ginzburg. Recebeu, em 2023, uma menção honrosa da Associação Portuguesa de Tradutores pela tradução de A Consciência de Zeno, de Italo Svevo.

    Em 2022, publicou o volume A Morsa — Contos de Inocência e de ViolênciaLavores de Ana é a sua primeira narrativa longa.Para a nossa conversa, trouxe vários poemas.

    Fernando Pessoa, Conselho

    Mário Cesariny, hoje, dia de todosos demónios

    Alexandre O’ Neill, O Enforcado

    Lucille Clifton, Ao Meu Último Período(tradução de Jorge Sousa Braga)

    Alda Merini, Alda Merini (traduçãode João Coles)

    Alda Merini, ‘Eu era um pássaro’, (traduçãode Clara Rowland,

    Adelia Prado, Os Lugares Comuns

    Andreia C. Faria, Descarnação

    3 October 2025, 5:00 am
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