Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados. Um projecto da autoria de Raquel Marinho. "Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.
É uma das escritoras mais reconhecidas em Portugal, senão pelo público dito adulto, certamente pelos mais jovens. Ana Maria Magalhães, uma das autoras da colecção Uma Aventura, nasceu em Lisboa, em Abril de 1946.
O contacto com a poesia faz-se primeiro em casa, numa família grande e sempre com muita gente por perto, porque a mãe não só contava histórias aos 5 filhos como lhes dizia e lia poemas. Começou a ler aos 7 anos, e tornou-se desde cedo uma leitora voraz. A família dizia que iria ser escritora, mas Ana Maria Magalhães começou por ser professora. Desse período guarda inúmeras recordações que partilha nesta conversa.
Quer ser recordada em primeiro lugar como uma boa pessoa, depois, naturalmente, como uma das autoras desse sucesso literário infanto-juvenil que vendeu mais de 9 milhões de cópias: "Eu escrevi quase 200 livros mas sou autora da colecção Uma Aventura e é assim que gostaria de ser recordada, e espero que seja."
Poemas
Luís de Camões – Amor é fogo que arde sem se ver
Cesário Verde – De Tarde
Gonçalves Dias – Canção do Exílio
João Roiz de Castelo-Branco - Cantiga partindo-se
Sophia de Mello Breyner Andresen – Deriva VIII
António Gedeão – Pedra Filosofal
Carlos Drummond de Andrade – Quadrilha
Manuel Bandeira – Vou-me embora pra Pasárgada
Fernando Pessoa – D. Dinis (Mensagem)
Actriz, amante de rádio e de poesia, Mia Tomé deu voz aoprojecto Natália, uma homenagem a Natália Correia por ocasião do centenário da autora e, mais recentemente, a Emily Dickinson com o novo álbum “Há um Herbário no Deserto”. Nasceu em maio de 1994, fez a Escola Superior de Teatro e Cinema e depois o Lee Strasberg Theatre and Film Institute, em Nova Iorque, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Gosta da voz, de dizer as palavras, mas também deouvir e dar palco a outros. Poemas:
1 – Mário Cesariny, Autografia
2 – Emily Dickinson, Pudesse eu Infinita Cavalgar, traduçãode Ana Luísa Amaral
3 – Emily Dickinsom, Uma Dama Vermelha, tradução de AnaLuísa Amaral
4 - Natália Correia, X Eu Não Sou Deste Mundo
5 – Joana Espadinha, Ficar (Tema escrito por JoanaEspadinha, interpretado por Carminho)
6 – Conceição Lima, Mátria
7 – Rui Reininho, Quem
8 – Ana Paula Tavares, Quantas Coisas do Amor
9 – Teresa Muge, Havemos de nos Ver Outra Vez, temainterpretado por Camané
10 - Miguel Torga, Lírica
Georges Perec e Francisco Sá de Miranda são os dois autores escolhidos por Pedro Mexia para o terceiro episódio desta rubrica com sugestões de leitura.
Francisco Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 1481. Viveu em Itália entre 1521 e 1526, e trouxe de lá os géneros, as estrofes e metros da “medida nova”: as canções, as cartas, as éclogas italianas, as elegias, o decassílabo, o terceto, o soneto.
Pedro Mexia seleccionou alguns poemas de Sá de Miranda para o livro "Sá de Miranda, Antologia Inquieta", edição Opera Omnia, e destacou também a obra completa do autor editada pela Assírio & Alvim.
Georges Perec foi um destacado romancista, cineasta e ensaísta francês. Depois de estudos de Sociologia e História na Sorbonne, estreou-se com As Coisas, em 1965. O êxito A Vida – Modo de Usar (Prémio Medicis 1978) fê-lo dedicar-se exclusivamente à literatura. Em 1967, passou a integrar o OuLiPo, de Raymond Queneau, em nome da experimentação e da procura de novas formas literárias.
O livro As Coisas foi recentemente publicado em Portugal, numa edição da Antígona com tradução de Luís Leitão.
A partir dele, conversamos sobre a sociedade do consumo, o movimento OuLiPo, a forma como a literatura pode reflectir a sociedade e os movimentos sociais. Como costuma acontecer, a conversa visita muitos outros autores que, de uma forma ou de outra, dialogam com os que Pedro Mexia escolheu.
São referidos neste episódio: Alain Robbe-Grillet, Nathalie Sarraute, Michel Butor, Claude Simon, Samuel Beckett, Graham Greene , JamesJoyce, Joe Brainard, José Cardoso Pires, Roland Barthes , Pierre Bourdieu, Raymond Queneau, Italo Calvino, Jorge Luis Borges, Gil Vicente, William Shakespeare, Luís de Camões, Herberto Helder, Paul Celan , Catulo, Padre António Vieira, Ruy Belo, Alexandre O’ Neill, Jorge de Sena, Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Hölderlin, Friedrich Nietzsche, Dante Alighieri, Camilo Castelo Branco, StefanZweig.
Ensaísta, romancista, poeta, professor, Helder Macedo nasceu nasceu a 30 de novembro de 1935, em Krugersdorp, na África doSul. Passou a infância em Moçambique e regressou a Lisboa com 12 anos, tendo mais tarde frequentado a Faculdade de Direito de Lisboa. Reside em Londres, onde foi Camões Professor of Portuguese e é Emeritus Professor no King’s College. Foi professor visitante em várias universidades, entre as quais Harvard, Universidade Federal do Rio de Janeiro, École des Hautes Études en Sciences Sociales e Universidade de Santiago de Compostela.
Em Portugal, foi secretário de Estado da Cultura no governo de Maria de Lourdes Pintasilgo. Em 2024 foi distinguido com o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural.Acaba de lançar o livro de poesia "Corpos da Memória", edição Caminho.
Nesta conversa, percorremos a sua biografia através da sua relação com a palavra. Primeiro, nos poemas que a mãe lhe lia ainda na infância ou os que começou a escrever ainda com 9 ou 10 anos; depois na descoberta da poesia de Mário de Sá-Carneiro através da sugestão de um explicador de matemática, para de seguida integrar do Grupo do Café Gelo onde, conta, aprendeu a recusa.
Através das escolhas que elege para o podcast, trazemos para a conversa alguns dos seus autores, aqueles que estudou, investigou e sobre quem escreveu ao longo da vida. Camões, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, são alguns exemplos.
Nesta segunda parte do podcast com o pianista, compositor, poeta e tradutor João Paulo Esteves da Silva continuamos a conversar sobre alguns dos poemas de que mais gosta. Os seis poemas que integram este episódio foram traduzidos por João Paulo para a ocasião. Muito agradecemos esse cuidado.
Poemas:
1 - Renée Rivet- Borac, Os Velhos
2 - Dalia Ravikovitch, Três ou quatro ciclâmenes
3 - Mordechai Geldman, Sozinho também esta manhã
4 - Carlos Marzal, OXALATO DE CÁLCIO (CAC2O4)
5 - Fredrick Seidel,80. Em Cap Ferrat
6 – Fredrick Seidel, França Agora
João Paulo Esteves da Silva nasceu em 1961. É filho de mãe pianista, pai filósofo, e neto de dois pianistas pelo lado materno.
É professor da Escola Superior de Música de Lisboa na licenciatura em Jazz desde 2009, a par de uma carreira com muitos anos onde cabem inúmeras colaborações, em concertos e discos, com músicos nacionais e estrangeiros, e uma crescente aproximação e diálogo entre a música e outras artes, como a fotografia, o cinema ou o teatro para onde traduziu, por exemplo, Samuel Becket, August Strindberg, William Shakespeare ou Pier Paolo Pasolini.
Com os anos, vem também ganhando espaço o lugar da poesia, tanto como poeta como tradutor. Publicou até ao dia de hoje 11 livros, e traduziu vários autores como, por exemplo, Baudelaire, Valéry, Paul Celan ou Ingeborg Bachman. Além do francês, traduz do hebraico, inglês e castelhano.
Djaimilia Pereira de Almeida publicou o primeiro livro Esse Cabelo, em 2014, e desde então mais 13. Os seus livros e ensaios receberam vários prémios, incluindo o Prémio Oceanos e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2024, e estão traduzidos em dez línguas.Nesta conversa, a partir de alguns dos poemas de que mais gosta, ficamos a saber, por exemplo, que já muito pequena escrevia poemas que depois mostrava na escola e ao avô, que na adolescência não só lia muita poesia como chegou a bordar uns versos de Alberto Caeiro na bata da disciplina de Técnicas Laboratoriais de Biologia, que chegou a roubar a página de um livro de Herberto Helder da Biblioteca da Universidade, tal era a necessidade de trazer consigo aquele poema.
São muitas as reflexões que surgem no decorrer desta conversa, e muitas as pistas para conhecer melhor esta autora que nasceu em Angola, em 1982, se mudou para Portugal aos 3 anos e encontra na escrita não apenas uma forma de fazer as pazes consigo mas também uma forma de tentar constituir o lugar de onde possa ter vindo, a sua própria família, ascendência e até herança.
Poemas:
1 - Manuel Gusmão, A Velocidade da Luz
2 - Herberto Helder – Tríptico (excerto)
3 - Sá de Miranda – Comigo me desavim
4 - Angélica Freitas – Rilke Shake
5 - José Luiz Tavares – Pela mão de Cesário
6 - Álvaro de Campos – Notas sobre Tavira
No segundo episódio da rubrica Leituras com Pedro Mexia, conversamos sobre Djaimilia Pereira de Almeida e Dylan Thomas.
A partir da obra "Livro da Doença", edição Relógio D' Água, falamos de outros livros da autora e de outros autores.
Na conversa sobre Dylan Thomas, partimos do livro "Eu Vi o Tempo Assassinar-me, uma antologia", com tradução de Frederico Pedreira e edição Assírio & Alvim.
Neste episódio, e porque hoje é Dia de São Valentim, lemos alguns poemas de amor de poetas nacionais e estrangeiros.
São muitos os autores e as referências que aparecem nesta conversa, a propósito das escolhas de Pedro Mexia.
Rui Knopfli, Annie Ernaux, Michel Houellebecq, Fiódor Dostoiévski, Vladimir Nabokov, Philip K. Dick, Maria Velho da Costa , T. S. Eliot, W. H. Auden, Philip Larkin, Ted Huges, Sylvia Plath, Pablo Neruda, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, W. B. Yeats, José Régio, James Joyce, João Guimarães Rosa, Wallace Stevens, Ezra Pound, Federico García Lorca, FriedrichHölderlin, Friedrich Nietzsche, Luís de Camões, Alexandre O’ Neill, Paul Éluard, António Ramos Rosa, Mario Vargas Llosa, Francesco Petrarca, Dante Alighieri, Edgar Allan Poe, William Carlos Williams
Na segunda parte da conversa com Inês Fonseca Santos, trazemos para a mesa poetas contemporâneos, e várias reflexões sobre o que se vai fazendo na poesia em Portugal.
O papel da arte e o tempo, este tempo tão acelerado em que vivemos, são outros dos vários temas abordados a partir das escolhas poéticas da nossa convidada.
Poemas segunda parte:
Luís Quintais, VII (Riscava a palavra dor no quadro negro)
Rita Taborda Duarte, Fechado para balanço
Tatiana Faia, Ganhar Balanço
Raquel Nobre Guerra, Frutos de Verniz
João Paulo Cotrim, monstro, eu?
Livro:
Um Dia na Vida de Abed Salama, Nathan Thrall. Tradução de Sara Veiga, edição Zigurate.
Ainda antes de começar a ler, ouvia as palavras dos autores lidas em voz alta pelos avós. A avó lia-lhe ficção, o avô poesia. Alguns dos versos da sua vida serão estes de Álvaro de Campos: Come chocolates, pequena/ Come chocolates! / Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates./
Precisamente, Inês Fonseca Santos, escritora e jornalista, é viciada em chocolates desde criança e o avô, que lhe lia o poema Tabacaria, também lhe dava chocolates às escondidas dos pais.
Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas encontrou encontrou o ambiente certo para se sentir em casa quando fez o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estudou a obra de Manuel António Pina para fazer a tese de mestrado, poeta e jornalista de quem se tornou muito próxima.
Publicou vários livros de poesia e de literatura infantojuvenil, e gosta de privilegiar o contacto com a infância e o tal espanto inicial que vamos perdendo à medida que crescemos.
Poemas primeira parte:
José Fonseca Santos, Angola
Miguel Torga, Astúcia
Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, Tabacaria
Manuel António Pina, Passagem
António Franco Alexandre, [Vi Roma arder, e neros vários]
Gregório Duvivier nasceu no Rio de Janeiro, em 1986. Actor de teatro e cinema, escritor, poeta, humorista, criador com outros amigos do fenómeno A Porta dos Fundos, licenciou-se em Letras, talvez por ser antes de qualquer coisa um enamorado das palavras e das suas possibilidades.
Esteve recentemente em Portugal, um país onde se sente em casa e sobre o qual já escreveu até poemas, para mais uma peça de teatro chamada O Céu da Língua.
Neste episódio, conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e sobre os assuntos que eles sugerem. O amor, o humor, a palavra, a poesia.
Poemas:
Vinicius de Moraes – Soneto da Fidelidade
Eugénio de Andrade – Adeus
Fabricio Corsaletti – Teu Nome
João Cabral de Melo Neto – Galo tecendo a manhã
Bruna Beber – quanto tempo falta para a gente se ver hoje