45 Graus

José Maria Pimentel

  • 1 hour 9 minutes
    Reedição especial. O legado de Nuno Loureiro na área da energia de fusão nuclear

    A morte inesperada e prematura de Nuno Loureiro foi um choque profundo. Em mais de oito anos de 45 Graus, nunca tinha perdido um convidado tão jovem e brilhante, com tanto ainda para dar ao mundo. Apesar da sua partida, o seu legado permanece. Espero que este episódio contribua para divulgar a área da fusão nuclear e inspire novos investigadores a seguir o caminho científico que o Nuno deixou aberto.

    Recorde aqui o episódio 119, originalmente publicado em abril de 2022.

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    Nuno Loureiro é licenciado em Engenharia Física Tecnológica pelo Instituto Superior Técnico, e doutorado em física pelo Imperial College de Londres. A sua especialidade é a física dos plasmas e as suas aplicações à fusão nuclear e a problemas do domínio da astrofísica. Actualmente é professor catedrático do departamento de Ciência e Engenharia Nuclear e do departamento de Física do Massachusetts Institute of Technology, EUA. 

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    Índice da conversa:

    (0:00) Introdução

    (07:36) Como funciona a energia nuclear de fusão? Reagentes: deutério e trítio (isótopos de hidrogéneo)

    (14:57) Porque é tão difícil gerar fusão nuclear? Potencial da computação quântica

    (25:46) De onde vem a energia nuclear?

    (28:40) Progressos recentes. Record do National Ignition Facility (NIF) de Agosto 2021. Record do JET de Fevereiro de 2022. Projecto ITER. Fusão magnética vs inercial (laser). Investimento privado.

    (39:00) O que explica progressos recentes? Cimeira na Casa Branca em Março.

    (42:46) Desafios para tornar energia de fusão comercialmente viável. 

    (46:54) Como converter energia nuclear em electricidade? Aneutronic Fusion

    (48:07) Há perigos na fusão nuclear, como na energia nuclear tradicional (de fissão)? 

    (50:30) O que estão a fazer as empresas privadas de diferente? Germany’s Wendelstein 7-X stellarator.

    (55:39) Porque é que a Europa está a liderar a investigação nesta área?

    (58:40) Que método é mais promissor: confinamento magnético ou inercial (laser)?

    (01:02:13) Como a investigação nesta área ilumina a Astrofísica.

    (01:04:44) Previsões: quando vamos conseguir tornar a energia de fusão viável? 

    Livros recomendados: The Star Builders, de Arthur Turrell. Star Power, de Alain Bécoulet

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    Todos sabemos que, para fazer face às alterações climáticas, o Mundo tem forçosamente de diminuir o consumo de energias fósseis. O petróleo e o gás são, além disso, altamente sensíveis a perturbações geopolíticas, como os últimos meses têm mostrado, com impacto directo na vida das pessoas. No entanto, a verdade é que a energia é necessária, e as energias renováveis ainda não permitem fazer face às necessidades energéticas, de tal forma que o grosso da energia consumida no mundo continua a ser de combustíveis fósseis. 

    Mas e se vos dissesse que existe uma fonte de energia alternativa que não emite dióxido de carbono para a atmosfera, tem um baixo risco associado e é, além disso, virtualmente ilimitada? Parece exagero, mas é verdade. Chama-se energia de fusão nuclear. Esta energia é ainda mais poderosa do que a energia nuclear clássica (de fissão), utiliza matérias ilimitadas (átomos e isótopos de hidrogénio) e, ao contrário daquela, produz muito pouca radioactividade. E se vos dissesse, ainda, que tem havido nos últimos tempos avanços promissores que podem tornar esta energia viável nas próximas décadas?

    Há muito tempo, há quase um século, que sabemos que é possível produzir energia de fusão. Por uma razão simples: é ela a fonte de energia do Sol, onde as altas temperaturas e a enorme gravidade geram a fusão de átomos de hidrogénio. No entanto, conseguir gerar este tipo de reacção na terra tem-se revelado muito difícil. Esta dificuldade é de tal forma, que há até uma piada batida no meio: “faltam só 30 anos até termos energia de fusão… e hão-de sempre faltar!”.

    Abordei a energia de fusão pela primeira vez no 45 Graus, no final de 2018, no episódio 42, com Luís O. Silva, físico e professor do Técnico. Em qualquer outra altura das últimas décadas, é quase certo que um episódio gravado há 3 anos continuaria perfeitamente actual. No entanto, desta vez não é assim -- e por bons motivos. Tem havido nos últimos anos desenvolvimentos importantes nesta área. Só no último ano, verificaram-se dois dos maiores avanços concretos das últimas décadas no caminho para produzir energia de fusão. Em Agosto do ano passado, nos EUA, a National Ignition Facility (NIF) bateu o record no que toca ao rácio de energia gerada pelo processo de fusão nuclear face à energia que foi necessário injectar para accionar a fusão (a energia gerada continua a ser menos do que a energia injectada, mas é um resultado muito promissor). E mais recentemente, em fevereiro deste ano (o que, em Ciência, é o mesmo que dizer -- ontem), o laboratório JET, no Reino Unido, bateu o record do máximo de energia total gerada pelo processo de fusão. Ainda faltam muitos passos para tornar esta energia viável, mas estes são dois progressos muito importantes; de tal forma que ainda em Março houve uma cimeira importante sobre o tema organizada pelo governo norte-americano. 

    Ao mesmo tempo, estes progressos e o imperativo de encontrar soluções para as alterações climáticas tem levado a um aumento do investimento, inclusive privado, com dezenas de novas empresas a tentarem, actualmente, serem as primeiras a produzir energia de fusão viável.

    Parece por isso, finalmente, que podemos ter uma expectativa realista de ver avanços importantes nesta área no futuro próximo. 

     

     

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    20 December 2025, 8:00 am
  • 55 minutes 12 seconds
    Ludwig Krippahl (parte 2): Progresso moral, comentário político, pensamento crítico, valores, ciência controversa

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    Ludwig Krippahl é investigador e formador na área da bioinformática. Até 2022, foi professor de Ciência da Computação na FCT-NOVA, onde se doutorou em Bioquímica Estrutural (2003) e onde lecionou programação, bioinformática, aprendizagem automática e redes neuronais. Ensina também há muitos anos pensamento crítico.

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    (0:00) Introdução

    (1:31) Limites da inteligência individual e a ideia de progresso 

    (13:23) A análise política devia ter uma abordagem mais científica?

    (24:17) Pensamento Crítico | Argumentos vs explicações

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    18 December 2025, 6:30 am
  • 1 hour 14 minutes
    Ludwig Krippahl (parte 1): Filosofia, ciência, racionalidade, ética, aborto

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    Ludwig Krippahl é investigador e formador na área da bioinformática. Até 2022, foi professor de Ciência da Computação na FCT-NOVA, onde se doutorou em Bioquímica Estrutural (2003) e onde lecionou programação, bioinformática, aprendizagem automática e redes neuronais. Ensina também há muitos anos pensamento crítico.

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    (0:00) Introdução

    (4:43) Filosofia e Ciência = Racionalidade | Escolásticos | Kierkegaard

    (24:02) Filosofia continental vs analítica | Ciência vs Humanidades | Literatura, poesia

    (39:47) Ética filosófica | Emoções ajudam ou atrapalham para sermos mais éticos? | Ética vs moral | The Beginning of Infinity, de David Deutsch

    (57:04) Crítica à ética racionalista (Roger Scruton) | Aborto

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    17 December 2025, 6:30 am
  • 1 hour 2 minutes
    [EN] Francis Fukuyama: Democracia e populismo, EUA vs Europa, imigração e a revolução digital

    Francis Fukuyama is one of the world’s most influential political scientists. He is a Senior Fellow at Stanford University’s Freeman Spogli Institute for International Studies and Director of its Center on Democracy, Development and the Rule of Law. He previously taught at Johns Hopkins SAIS and George Mason University, and served in the U.S. Department of State’s Policy Planning Staff. Fukuyama became internationally known with The End of History and the Last Man (1992), both a landmark and controversial book that helped shape the post–Cold War debate on democracy and liberalism. His research spans comparative political development, institutions, governance, state capacity, identity politics, technology, and democratic resilience

     

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (5:53) Democratic backsliding, state capacity vs democracy | What’s happening in the US? 

    (14:10) Culture and social capital | Robert Putnam: Bowling Alone: America's Declining Social Capital | Europe vs US 

    (23:59) Why do people support populists even after they fail? | Georgia Meloni, Javier Milei

    (30:05) How can democracies deal with immigration? 

    (40:54) Are the rise of populism and authoritarianism related phenomena?

    (44:17) The information revolution. Dangers of AI. The idea of deliberative assemblies

    (57:23) Yascha Mounk: The Great Experiment: Why Diverse Democracies Fall Apart and How They Can Endure

    (59:56) Will left-wing populism come back?

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    3 December 2025, 5:45 am
  • 57 minutes 13 seconds
    Zita Seabra (parte 2): O 25 de novembro, o PCP por dentro, saída do partido, posição sobre o aborto

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    (Neste tema, ouça também o episódio com Pedro Tadeu, publicado em fevereiro.)

    Zita Seabra nasceu em 1949. Foi deputada à Assembleia da República de 1975 a 1988, coordenou o Secretariado Nacional para o Audiovisual em 1993, ano em que assumiu a presidência do Instituto Português de Cinema. De 1994 a 1995, foi presidente do Instituto Português da Arte Cinematográfica e Audiovisual. É editora e autora de Foi Assim (Alêtheia, 2007), onde partilha as suas memórias desde a infância até ao momento de ruptura com o Partido Comunista Português, altura em que publicou O Nome das Coisas (Publicações Europa-América, 1988). Desde 2005, dirige a Alêtheia Editores, da qual é fundadora, assim como a Várzea da Rainha Impressores. Há longos anos no meio editorial, foi editora da Quetzal e também administradora e directora editorial da Bertrand Editora.

     

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (2:38) Como funciona por dentro um partido comunista? | Porque dá o Comunismo sempre em totalitarismo: é da ideologia ou do tipo de pessoa que permite chegar  ao poder? 

    (14:12) Porque foi do PCP diretamente para a direita?

    (22:51) Posição em relação ao aborto: no PCP e depois

    (28:52) O 25 de novembro | Livro Álvaro Cunhal - “Rumo à Vitória” | golpe militar va insurreição militar armada

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    20 November 2025, 6:30 am
  • 55 minutes 35 seconds
    Zita Seabra (parte 1): Da utopia ao totalitarismo: porque é que o Comunismo acabou sempre em ditadura?

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    (Neste tema, ouça também o episódio com Pedro Tadeu, publicado em fevereiro.)

    Zita Seabra nasceu em 1949. Foi deputada à Assembleia da República de 1975 a 1988, coordenou o Secretariado Nacional para o Audiovisual em 1993, ano em que assumiu a presidência do Instituto Português de Cinema. De 1994 a 1995, foi presidente do Instituto Português da Arte Cinematográfica e Audiovisual. É editora e autora de Foi Assim (Alêtheia, 2007), onde partilha as suas memórias desde a infância até ao momento de ruptura com o Partido Comunista Português, altura em que publicou O Nome das Coisas (Publicações Europa-América, 1988). Desde 2005, dirige a Alêtheia Editores, da qual é fundadora, assim como a Várzea da Rainha Impressores. Há longos anos no meio editorial, foi editora da Quetzal e também administradora e directora editorial da Bertrand Editora.

     

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (4:32) O que atrai um(a) jovem no comunismo? | Comunismo vs maoismo vs trotskismo | Os totalitarismos e os perigos do intelectualismo excessivo 

    (26:54) Quem militava naqueles partidos sabia o que se passava na URSS e na China maoista? | Porque o comunismo deu sempre em totalitarismo? 

    (35:42) O que a fez a primeira vez duvidar, e como saiu do PCP? | Mikhail Suslov

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    19 November 2025, 6:30 am
  • 57 minutes 14 seconds
    Américo Nave (parte 2): A eficácia do modelo Housing First e o que podemos fazer individualmente

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    Américo Nave é Diretor e fundador da Associação CRESCER. Psicólogo Clínico, tem uma longa experiência de trabalho com populações vulneráveis e na implementação e coordenação de projetos de redução de riscos com equipas multidisciplinares.

     

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (2:53) A força da evidência em relação à eficácia do Housing First | Quanto Portugal gasta por ano com sem-abrigo?

    (12:54) Associação Crescer

    (25:42) O que podemos fazer individualmente? | Linha 144 - Linha de emergência social | Manifesto “Uma casa para todas as pessoas” (juntamente com Uma casa para todas as pessoas

    Helena Roseta, Isabel Batista e João Afonso)

    (44:26) Quais são as causas diretas que levam alguém a ir parar à rua? | Analogia com o jogo das cadeiras

    (48:26) Políticas de prevenção. Congresso dias 6 e 7 de novembro

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    6 November 2025, 6:30 am
  • 54 minutes 18 seconds
    Américo Nave (parte 1): É possível imaginar um país sem pessoas sem-abrigo?

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    Américo Nave é Diretor e fundador da Associação CRESCER. Psicólogo Clínico, tem uma longa experiência de trabalho com populações vulneráveis e na implementação e coordenação de projetos de redução de riscos com equipas multidisciplinares.

     

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (4:12 Como tem evoluído o número de pessoas sem-abrigo em Portugal?

    (13:16) Como compara PT com outros países?

    (20:20) O que acontece quando alguém vai parar à rua, como é a experiência? Segundo a OCDE, 72% são homens

    (28:16) Modelo Housing First

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    5 November 2025, 6:30 am
  • 41 minutes 19 seconds
    Cátia Batista (parte 2): Qual é o impacto da emigração no país de origem? Experiências naturais

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    Cátia Batista é Professora Catedrática de Economia na Nova School of Business and Economics (SBE), onde é também Fundadora e Diretora Científica do centro de investigação NOVAFRICA. Cátia tem um doutoramento em Economia pela Universidade de Chicago. Tem interesses de investigação relacionados com a migração internacional e fluxos de remessas, inclusão financeira, empreendedorismo, adopção de tecnologia, educação e avaliação de políticas. Tem realizado trabalho incluindo experiências aleatórias e de laboratório no terreno em países como Cabo Verde, Gâmbia, Irlanda, Quénia, Portugal, Moçambique e São Tomé e Príncipe. 

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (3:14) Qual o impacto da emigração no país de origem?

    (28:40) Novos métodos de investigação, experimentais e quase-experimentais

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    23 October 2025, 5:30 am
  • 50 minutes 9 seconds
    Cátia Batista (parte 1): Qual é o impacto da imigração no país de destino?

    Veja também em youtube.com/@45_graus

    Cátia Batista é Professora Catedrática de Economia na Nova School of Business and Economics (SBE), onde é também Fundadora e Diretora Científica do centro de investigação NOVAFRICA. Cátia tem um doutoramento em Economia pela Universidade de Chicago. Tem interesses de investigação relacionados com a migração internacional e fluxos de remessas, inclusão financeira, empreendedorismo, adopção de tecnologia, educação e avaliação de políticas. Tem realizado trabalho incluindo experiências aleatórias e de laboratório no terreno em países como Cabo Verde, Gâmbia, Irlanda, Quénia, Portugal, Moçambique e São Tomé e Príncipe. 

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (4:19) Qual é o impacto da imigração nos países de destino? Imigrantes mais vs menos qualificados 

    (16:32) O que sabemos do impacto actual em Portugal?

    (24:37) Parecer da convidada sobre a naturalização de imigrantes 

    (30:11) Benefícios para as mulheres locais | Estudo que mostra que imigrantes em Portugal são mais qualificados do que locais

    (37:17) Impactos na criminalidade e nas contas públicas | O caso do Chile

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    22 October 2025, 5:30 am
  • 40 minutes 47 seconds
    Maria Antónia Oliveira (parte 2): O biógrafo fica mesmo a conhecer o biografado?

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    Maria Antónia Oliveira nasceu em Viseu em 1964. Dedica-se desde 2002 ao género biográfico. Escreveu o livro Os Biógrafos de Camilo (2010, tese de doutoramento), uma biografia de Alexandre O’Neill, Uma Biografia do Ar.Co (2014) e está atualmente a trabalhar numa biografia de Cesário Verde. É professora de Escrita de Biografia na Universidade Nova de Lisboa -- que eu saiba, a única cadeira sobre este tema em Portugal.

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    Índice:

    (0:00) Introdução

    (2:05) Como se lida com as fontes?

    (15:19) Como lidar com a crítica?

    (18:33) Alexandre O’Neill

    (21:56) Quão bem ficaste a conhecer o biografado?

    (27:51) O biógrafo tem hoje mais reconhecimento?

    (33:13) Estrutura

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    9 October 2025, 5:30 am
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